Melhor Que Antes

 

Tablo reader up chevron

Prólogo

   Eu sentia como se estivesse sendo afogada, mas sabia que na verdade eu estava apenas deitada em uma maca, mais especificadamente em uma sala de cirurgia, aonde estava prestes a realizar a troca de coração. Eu não podia mais ter um coração e neguei de todos os que queriam doar para mim. Então, médicos disseram que  tinha uma opção, essa era botar um coração falso, um pequeno aparelho que é capaz de realizar a função de bombear o sangue. No início eu achei que era só uma história para implantarem um coração em mim, mas pesquisei bem sobre isso, e cheguei à conclusão que sim, isso existe. Já sentia os efeitos da anestesia correndo em minhas veias. Não que eu nunca tivesse passado por isso, já abri a cabeça um dia brincando com a minha irmã. Eu estava prestes a mergulhar em um mundo imaginário, no qual eu já tinha visitado algumas vezes. Eu amava esse mundo, não queria larga-lo de jeito nenhum. Por isso eu sempre me mantinha calma quando me machucava grave, eu sabia que no fim eu sempre veria o mundo que eu amava. O mundo eu que eu me encaixava. O mundo em que eu pertencia. Já sentia meu olho pesando, sentia que eu estava quase lá. Minha cabeça girava e borrões negros apareciam em minha vista. Relaxei, me deixando levar pelo medicamento. Agora era só aproveitar. 

Comment Log in or Join Tablo to comment on this chapter...

1- Finalmente

   -Amber, levanta!- a voz rude e grossa do meu pai soa pelo quarto, seguido de batidas na porta.

Odiava quando ele batia e falava, não dava para ouvir direito. Simplesmente levantei -ainda me perguntando o que ele havia dito-, seguindo para o banheiro do meu próprio quarto. Tomei um banho rápido, botei o uniforme e desci as escadas. Sai o mais rápido possível de casa, andando apressadamente até a cafeteria em que me encontraria com London, Kyle e Ryan. Assim que abri a porta do estabelecimento reconheci os três. Me joguei do lado de London, recebendo um "oi" bem animado e um abraço de lado. Os meninos me cumprimentaram e eu pedi café gelado e pão de queijo. 

Conversamos até decidirmos matar aula, era aula extra, não faria diferença. Pagamos e fomos comendo no caminho para a praia, não que a gente fosse entrar na água nesse frio. Mais para o final da praia - gigante só para constar- tinha umas pedras que dava para subir. Muitos tentaram pular lá de cima, mas o final não foi muito agradável.  Fora que a vista lá de cima é  linda, já tirei muita foto, de dia, de tarde, de noite, nublado, com chuva... enfim. O percurso todo para a Pedra do Silêncio, como nós a chamamos, foi de risadas e brincadeiras. London tentou dar um pouquinho do hambúrguer para uma gaivota, mas a ave acabou levando tudo. 

  A Pedra do Silêncio sempre estava vazia, depois das milhares de mortes e "sumiços" por aqui, mi hein mais subiu. A verdade é que descendo pelo outro lado da Pedra, da em um caminho que sai em um beco, nesse beco ficam muitos bêbados e ladrões.  Sentamos onde costumamos a ficar, bem em frente à praia. 

  -E se tivessem dado matéria importante?- London questiona mais uma vez.

  -London, relaxa!- Kyle abraçou-a- caso tenham dado matéria importante a gente pergunta para alguém na segunda. 

  -Que alguém, Kyle?- perguntei rindo- isolados como somos, ninguém vai passar.

  -Aah, foda-se!- Ryan deitou-se em uma das pedras- é só pegar pesado com a pessoa, aí ela passa e a gente tem a matéria. 

  -Cruzes- London diz após uns cinco segundos, o que nos fez rir.  

  Silêncio. Era sempre assim. Ríamos, brincávamos e no final, silêncio. Até que curtíamos o silêncio que ficava entre nós, nos consolando da maneira mais dolorosa possível, nos deixando com nosso pior inimigo, os pensamentos. Sabia que se eu não voltasse para casa quando desse o horário de término da aula, meu pai sairia para me procurar. Para variar, meu celular estava com cinquenta por cento de bateria, como minha bateria é viciada, tive que por em modo avião. Apoiei minhas mãos atras do corpo, sentindo Ryan deitar no meu colo. London estava deitada no colo de Kyle e assim ficamos por um bom tempo.



Comment Log in or Join Tablo to comment on this chapter...

2- Problemas

   Diante dos meus olhos estava a bela cena do sol se pondo. Ainda estávamos na Pedra do Silêncio, havia esquecido completamente do horário. Meu pai deve estar puto. 

Comment Log in or Join Tablo to comment on this chapter...
~

You might like Laura's other books...